A perspectiva sócio do ambiental

Quando olhamos para os temas de mudanças climáticas e aquecimento global que estão sendo tratados neste momento na Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizada em Dubai, a COP28, pensamos imediatamente em meio ambiente. Recuperar o meio ambiente é urgente.

 

Para isso, precisamos não apenas de ações positivas como reflorestar, recuperar áreas degradadas, proteger áreas de floresta preservadas, cuidar da fauna, migrar para fontes renováveis de energia, reciclar. Precisamos mudar o rumo de ações humanas orientadas para um modelo econômico pautado no consumo, que tem nos conduzido a um colapso climático. Ou seja, precisamos parar de consumir por consumir

 

Essa é uma ação que cabe a todos, desde grandes empresários de qualquer setor até os jovens, operários, estudantes – qualquer um que se encaixe na “categoria” de ser humano. Lidar com a crise climática que estamos vivenciando exige um esforço que é coletivo, também, sob uma perspectiva individual: cada um precisa fazer a sua parte, de uma forma estrutural.

 

Pequenas ações importam – como, por exemplo, utilizar sacolas retornáveis no mercado ao invés das sacolas plásticas tradicionais. Porém, “fazer a sua parte” de uma forma “estrutural” é mais expressivo do que observamos até aqui. Não existe regeneração do meio ambiente se não regenerarmos o “ser”. Isso exige uma mudança de visão de mundo. Uma mudança na forma como nos relacionamos no mundo. Uma mudança na forma como nos enxergamos no mundo.

 

Aqui na COP28, grande parte das agendas relacionadas à realidade brasileira tem abordado a necessidade de cuidarmos de pessoas, sob uma perspectiva econômica. Por exemplo, não faz sentido olhar para a preservação da floresta amazônica sem olhar para as comunidades em condição de miséria que vivem por ali. A estas comunidades precisa ser dado o direito de evoluir de condições de “sobrevivência”, para que consigam se desenvolver. Trata-se de cuidar dos cuidadores.

 

A pauta ambiental, neste caso, pode ser uma importante ferramenta, se os recursos financeiros e investimentos chegarem até a ponta remunerando adequadamente aqueles que efetivamente prestam serviços ambientais tão relevantes para toda a humanidade. Isso tem sido muito defendido por aqui.

 

Por outro lado, há necessidade de cuidarmos de pessoas, sob uma perspectiva existencial. Neste caso, não estamos falando das comunidades tradicionais, dos povos da floresta, do agricultor familiar. Estamos falando das pessoas que enxergam a natureza meramente como produtos, esquecendo-se que são parte da natureza, e que, justamente por esse esquecimento, precisam preencher o vazio deixado por esta compreensão distorcida da sua própria existência com distrações que trazem mais angústia, ansiedade, doenças e depressão. Trata-se de cuidar dos emissores. Se pensarmos em um contexto global, estrutural, vinculado à agenda de mudanças climáticas, estas são as pessoas que precisam de mais atenção.

 

A delegação brasileira aqui na COP28, que é a mais numerosa dentre todos os países membros da Convenção, evidencia ambas as perspectivas a partir da sua diversidade (ainda que a perspectiva existencial não esteja tão escancarada). Aqui temos “pessoas da cidade” reforçando que os recursos para a preservação da floresta precisam alcançar as pessoas que vivem na floresta. E temos “pessoas da floresta” reforçando que os esforços orientados a mitigar os efeitos das mudanças climáticas serão bem-sucedidos a partir do momento em que serem humanos resgatarem sua conexão com a natureza. 

 

Não são agendas opostas, mas complementares. Ambas fazem parte da perspectiva “social”, quando falamos em impactos socioambientais. 

 

Nós, da InCarbon, acreditamos nessa conexão, e você? Conta para a gente! 

 

Achou esse conteúdo interessante?Compartilhe esse post

Assine nossa newsletter