A importância do setor agrícola brasileiro para mitigar problemas associados ao aquecimento global é incontestável.
As fazendas podem ser vistas como sumidouros de carbono, produtoras de água e protetoras da diversidade biológica, tendo como consequência agricultura de alta performance e baixo custo.
Por outro lado, o setor agrícola é um dos mais impactados pelas mudanças climáticas. Então, há um incentivo duplicado para incorporar práticas de agricultura regenerativa: ajudar o planeta e salvar a própria produção.
Agora, como saber se a produção rural está em risco, considerando fatores associados ao aquecimento global?
Existem estudos* que analisam as áreas de cultivo de acordo com o parâmetro “ideal climático”, ou seja, a relação entre as mudanças climáticas locais e a agricultura.
Feita a análise do cenário, é desenhada a paisagem ideal à prova de mudanças climáticas: aquela que pode reduzir os impactos das secas e da variação das chuvas. Isso, geralmente, passa pela implementação de desenhos agroflorestais, dado que floresta em pé é sinônimo de clima mais estável. Se a fazenda analisada estiver distante desta “paisagem ideal”, é possível estimar os riscos climáticos aos quais está submetida.
Fora do ideal climático, as lavouras estão sujeitas ao “Déficit de Pressão de Vapor” (DPV), variável que mede a umidade retirada da planta pela atmosfera, que é um dos fatores decisivos para a produtividade.
Quando transpiram, as plantas conseguem puxar mas líquidos pelas raízes para realizar a fotossíntese. A transpiração opera como se fosse uma “bomba de pressão”. Isso significa que a liberação de umidade de forma equilibrada com o ambiente é vital para as plantas.
Se o DPV estiver baixo, a umidade pode se acumular nas folhas e as plantas não conseguem transpirar. Isso pode gerar bolores, fungos e a planta crescerá doente e mais lentamente. Se o DPV estiver alto, a transpiração não dará conta de suprir a demanda do ambiente. Consequentemente, as plantas secarão rápido demais e, novamente, não crescerão saudáveis. Em ambos os casos, pode ocorrer a perda total.
Na prática, isso quer dizer que fazendas que estejam enfrentando DPV estarão mais vulneráveis a eventos climáticos extremos, com potencial duas vezes maior de perdas decorrentes de quebras de safra, baixa produtividade e empobrecimento acelerado do solo.
Estes mesmos estudos mencionados, datados de dezembro de 2021, indicam que 28% das fazendas na fronteira agrícola Amazônia-Cerrado, no Mato Grosso, Goiás e Matopiba, estão fora do ideal climático para a agricultura por conta das alterações no clima e que esse percentual deve subir para 51% em 2030 e 74% em 2060, mesmo considerando os esforços de adaptação tecnológica.
Ou seja, para salvar a própria produção, é urgente que seja implementada, em larga escala, a agricultura regenerativa, que perpassa, fortemente, pela utilização de soluções baseadas na natureza, como a preservação florestal.
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Imagem: Pinterest (jornal.camposoberano.com.br)